Coisa de junho. Só pode.
Fogueiras, cheiro de milho e essa fumaça de pólvora trazida pelo vento, adentrando
minhas narinas e ativando as tais memórias afetivas. Começo a lembrar de uma
noite risonha, entre silêncios, olhares e sorrisos, você me fitava com uma
carinha de quem tinha me achado uma louca, mas que gostava do que tava
conhecendo.
Aquela noite, ao som da boa música, fotografias e piadas de gordos
foi só o começo do que se estenderia até hoje, meados de junho de 2012. E me
assusto ao reparar no ano. Pois é, foi há quase 2 anos. Esse tempo louco, com
um sol escaldante e de repente uma chuvinha marota, também me remete a um dia
na praça Marcílio Dias, uma noite tão regada a vinho que até tua camisa voltou
pra casa com a tonalidade do tal safra ruim.
Ainda ontem resgatei a história do
PM Box que fomos nos abrigar da chuva, depois de ter ‘fugido’ no meio do show pra
parada de ônibus mais próxima e, sem pretensão alguma, pegarmos o primeiro
ônibus que passou e que, pra ser bem sincera, foi o segundo, visto que o
primeiro nos levaria até o aeroporto. Sinto que era um aviso pra que alçássemos
voos maiores; quem sabe se houvesse coragem de minha parte, não poderíamos ter
chegado longe agora.
Escrevendo a palavra longe, automaticamente, me veio a
cabeça os dias mágicos em João Pessoa. Digo “mágicos” porque foram os dias mais
felizes e mais tristes. Felizes porque, pode-se dizer, foi a semana mais
risonha de nossas vidas. Nos grudamos, nos cuidamos, nos queremos. E tristes,
porque após os felizes, culminaram em fins. Fins que se sucediam a cada
reencontro. E escrevo tudo isso com esses olhos antes brilhantes, agora
marejados, quase sem enxergar o teclado do computador.
É como se rolasse um
maldito arrependimento no meio desses meus pensamentos saudosistas. Mas não me
sinto assim. Não me sinto arrependida. Sinto mesmo é uma puta saudade do que
era nosso convívio louco. Nossa oscilação estratosférica, que ninguém entendia.
Nosso desejo de estar perto e de nos repulsar em questão de centésimos de
segundos. Aquela coisa tão feia, tão bonita.
O fato é que junho tem me trazido
muito de você. O Fonseca, a Hilda, um celular antigo com mensagens antigas,
uns e-mails, esses arquivos de música que bem poderiam chamar-se ‘máquina do
tempo’.
*Computador precisando de uma limpeza, cá estou encontrando escritos. Justamente em Junho.
*Computador precisando de uma limpeza, cá estou encontrando escritos. Justamente em Junho.